Eu queria tanto ter um dom. Tem gente por aí com muitos exemplares dessa raridade. Gente que canta, dança e sapateia; Gente que pinta o sete. E eu? Meu dom é não ter dom, buscando eternamente por ai. Eu gostaria de ter muitos, milhares deles. Ser recheada , redonda, gorda de dons. Gorda com orgulho! “Você é gorda porque?” e eu responderia na lata “Porque tenho muitos dons e eles me dão esse recheio!”. Ai, eu seria capaz até de explodir. Mas não de gordura, de dons!
Vocês não sabem o quanto ja procurei: nas músicas, no palco, na poesia. Em frente ao espelho, em cima do fogão. Abri geladeira, fechei o zíper. Pintei e bordei, mas o dom eu não achei. Até em Machado em procurei. É, no de Assis. Mas só encontrei o Casmurro. E esse eu não queria, queria o dom sozinho, sem compromisso com ninguém. Sozinho pra me acompanhar por ai, no teatro, na dança, no cinema. Nas noites, nas poses. Nas telas, nas tintas, nas cores. Ah dom, por que fuges de mim?
Vocês não sabem o quanto ja procurei: nas músicas, no palco, na poesia. Em frente ao espelho, em cima do fogão. Abri geladeira, fechei o zíper. Pintei e bordei, mas o dom eu não achei. Até em Machado em procurei. É, no de Assis. Mas só encontrei o Casmurro. E esse eu não queria, queria o dom sozinho, sem compromisso com ninguém. Sozinho pra me acompanhar por ai, no teatro, na dança, no cinema. Nas noites, nas poses. Nas telas, nas tintas, nas cores. Ah dom, por que fuges de mim?