Vou torcer cacho.

É noite e não me encontrei. Procurei no canto dos olhos, embaixo da língua, dentro do ouvido. Olhei atrás dos joelhos, na sola dos pés, na palma das mãos. Quebrei o espelho, colei seus pedaços e nada. Nada de mim.

Quero sair daqui, viajar por lábios e pousar em sorrisos. Bocas escancaradas, braços abertos e cheiro de gente. Eu quero viver!

Procuro "eu´s" como eu, espíritos livres, mentes abertas.Crianças grandes, jovens velhos, homens, mulheres, bichos. Quero calor, humanidade. Eu sei, me perdi.

Cansei dessa vida sem graça. Mesmas caras, companhias. Vozes iguais. Cansei de ser previsível. Me perdi na previsão.

Onde eu me acho? Vou procurar na noite, nas gotas de suor. Salivas alheias, últimas doses. Fuçarei no desconhecido, na música que entorpece. Nas vozes gritantes, na cortina fechada. Nos palcos da vida, no circo que é viver.

Agarrar o pôr-do-sol, comer o pão de acúcar. Ser redentora feito Cristo, brincar de esconde-esconde. Serei macho, fêmea, leoa! Ficarei torcendo cacho...me diz, onde eu me acho?

Palavras, palavras, palavras e uma certeza: Me perdi dentro de mim!
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  • Eu sou assim

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    Um emaranhado de pessoas, gestos, palavras, cheiros, sensações, lembranças e um toque de personalidade. Conheço meus limites e nem por isso me limito. Em eterna busca de mim... Será que um dia me encontro por ai? Sem querer rotular, já me rotulei...

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